12.3.02

Meu amigo Omar Queiroz perguntou lá no Joelhasso o por que das empresas, como a Conectiva, ainda não incentivam propostas inovadoras como a sua e o Marketing Hacker? Afinal, ambos falam a mesma língua mas com objetivos diferentes.. poderia me explicar melhor isso?

A princípio utilizei minha resposta padrão: sei lá. Boa resposta para momentos difíceis. Mas no fundo eu tenho alguma idéia desta dificuldade.

Faz algum tempo enviei um email para o Sandro Henrique, presidente da Conectiva. Estava tentando aproximar as minhas idéias de um marketing open source ao movimento Linux no Brasil. Sua resposta foi rápida, mas não definitiva. Passou a bola para o Rodrigo Stulzer Lopes. Ele me pediu mais informações sobre o meu trabalho e sobre a minha solicitação de apoio cultural.

Escrevi contando a minha estorinha. Enviei um link para o artigo Marketing Hacker é Gonzo. Ok, disse o Rodrigo, é mais ou menos um marketing informal, de idéias entre pessoas, etc. Sim, eu disse, de uma forma simplista pode ser chamado marketing informal. A idéia, no entanto, é a penetração do movimento open source no mundo dos negócios. Da mesma forma que pessoas desenvolvem software, outras pessoas desenvolvem projetos pessoais. Esse é o caso do Marketing Hacker. Estou difundindo a cultura hacker nos mercados. É um debate muito abrangente e, pelo que vejo, que tem muita aderência com o público da Internet.

Mas de pronto veio outra pergunta: “O que você tem feito para difundir o Linux?”. Bem, acho que tenho feito muito para difundir o Linux e o movimento open source. Basta conhecer o meu trabalho. Embora, meu foco não seja o Linux. É algo mais abrangente. O Linux, como produto, faz parte do contexto, mas o que me interessa é o movimento open source [...] O Linux só conseguirá romper a barreira da gerência quando as empresas entenderem que o que está por trás do Linux não é um bando de idiotas anarquistas, mas pessoas organizadas com uma proposta diferente do que o tradicional.

Este é o meu trabalho. Com uma proposta persuasiva estou conversando com os mercados. Mas não como um telespectador. Eu participo dos mercados, e minha voz é ouvida por uma audiência bastante razoável. Esta é uma concepção muito diferente de marketing. Assim como, o Linux é uma proposta muito diferente na programação de computadores.

O Marketing Hacker diferentemente da Revista do Linux, publicada pela Conectiva, tem uma voz independente. Não estou tomando partido comercial. Estou apenas expressando a convicção de um movimento que está mudando a história das relações entre pessoas.

Não consegui ir além desta exposição. Faltou a compreensão que os mercados estão conversando, e da mesma forma que os programadores criaram o Linux, as pessoas comuns estão criando os mercados. E nesta diversidade de idéias há um efeito colaborativo estruturando redes caórdicas, ou seja auto organizando o caos num processo de criação jamais visto. E creio que a Conectiva, diferentemente das empresas de Linux no resto do mundo, não perceberam que o negócios deles pode ser alavancado debatendo as melhores práticas. O Linux é diferente, fruto de um trabalho colaborativo, e tem mais aderência nas comunidades. No entanto, a estratégia da Conectiva é entrar nos mercados utilizando as praticas usuais. O velho marketing tradicional, o discurso monolítico, e nessas práticas a M$ é bem mais eficiente.