23.11.01

A ineficiência do e- mail marketing

don't need no education
We don't need no thought control
sarcasm in the classroom
Teachers leave the kids alone
Hey teacher leave us kids alone
All in all it was just another brick in the wall
All in all you're just another brick in the wall
The Wall – Pink Floyd


Meu trabalho tem como fonte inspiradora o Manifesto Cluetrain. Não vejo muita aderência entre meu projeto e o trabalho desenvolvido pelo Seth Godin. Ficaria quieto se o Godin não fosse tão popular. Aliás, duas características me levam a critica- lo. 1, Ele é um cara influente; e 2. Ele está equivocado. Isoladamente, nenhuma destas características atrapalham. Mas a somatória faz um estrago imensurável.

Tanto no marketing de permissão, como no IdeaVírus, Godin traz para o ambiente digital algumas idéias do marketing tradicional. O que é o marketing de permissão? É a forma que ele encontrou para perpetuar e repetir o marketing de interrupção na Web. Nada mais do que a institucionalização do spam. E o IdeaVírus, apenas uma tentativa de propagação das idéias. “Sneezers” ou contaminadores oportunistas não tem nada de bom. É bobagem. Pensar nas pessoas fazendo um eco comercial para as empresas em troca de uns míseros tostões é descartável como estratégia.

Mas eu não desprezo o Godin. Gosto da idéia inicial do marketing de permissão. A sua crítica ao marketing de interrupção é fantástica. Temos que convir, no entanto, que a idéia não é revolucionária. É apenas a simulação via email do marketing direto, e que invariavelmente termina em spam.

O IdeaVírus é uma enrolação banal. Os casos de marketing viral são frutos das conversações dos mercados, de baixo pra cima. Pense Bruxa de Blair , All Your Base... pense e admire o Linux. Creio que é impossível criar uma estratégia viral num ambiente de cima para baixo. Todos os casos que considero virais são fruto de uma participação colaborativista dos mercados.

Assim, o marketing de permissão, baseado em listas de opt- In não são muito diferentes do que chamamos de spam, uma vez que, nem sempre este opt- In pode ser traduzido em liberdade de escolha e opção em receber informação. Email marketing invariavelmente acaba por simular o Spam. É ineficiente. Pense que em pouco tempo a nossa caixa postal, além de já estar abarrotada de informações interessantes, vão ficar congestionadas por informação comercial. Assim, as mensagens elaboradas, listas de opt In e todas as maravilhas propostas pelo email marketing serão (e já são pelos heavy users) colocadas no mesmo filtro. Não é fácil divulgar na rede. E não é barato. Entretanto, não podemos negar a eficiência imediatista de uma campanha por email. Principalmente quando o foco são novatos na rede. Esses estão sedentos por qualquer informação, e as news das empresas prestam muito bem para esses fins.

Há nesses mercados digitais uma nova variável. Os consumidores estão deixando uma posição passiva, adquirindo um poder jamais visto. Estes debates são novidades em termos mercadológicos, assim como todo o movimento colaborativista que existe na rede. Pessoas comuns estão conversando com pessoas comuns, e estão criando uma outra modalidade de mídia: a conversação.

Qualquer pessoa razoavelmente conectada não precisa receber estas bobagens comercias para decidir o que e quando comprar. Existem formas muito mais inteligentes de apoiar este tipo de decisão. Eu, particularmente, vou procurar por pessoas na rede que tenham reputação para me mostrar as opções viáveis. Infelizmente, empresas que trabalham de forma equivocada, escondida por trás do firewall corporativo não têm credibilidade para os mercados em transformação. Logo, email marketing é descartável a médio/ longo prazo.

Penso no Linux., não como OS, e sim como um modo de produção colaborativista. Criado por um cara comum de 20 anos de idade. O Linux é um produto concebido num modo de produção diferente do capitalismo. O Linux é 100% Hacker. Penso na Bruxa de Blair como uma forma inovadora de se fazer divulgação. Aproveitando os micro canais de comunicação. E contando uma estória muito diferente de Hollywood. Locke diz: “The revolution will be streamed In MPEG”. O Bruxa de Blair é apenas o começo. Penso no All Your Base interrompendo a forma da sociedade estabelecer a verdade. Penso em blogs, digo projetos pessoais, a renascença da voz e a publicação autoral. É interessante prestar atenção nas vozes que estão surgindo e nas micro audiências. As empresas tem muito a aprender com esses projetos e, principalmente, entender os rumos dos mercados.

21.11.01

Marketing Hacker é Gonzo

"O paradoxo não é meu, o paradoxo sou eu."
Fernando Pessoa

Ando muito preocupado com a Web. Diferente de muita gente que acredita na rede como forma de destrinchar negócios. Eu penso em como catalisar a voz. Mas qual é o sentido disso? Creio que, antes dos negócios, a Internet é mídia. Um ambiente que amplifica as mensagens com eficiência.

Não penso macro. Penso em micromercados. Uma pequena audiência que eleva a voz comum para além das fronteiras digitais. Sempre digo que a Internet é o lugar para publishers, e com esta força editorial estamos mostrando os dentes para os mercados tradicionais.

O conceito por trás da rede não corrobora com o que havíamos aprendido, e que para desfilar pelos mares virtuais temos que destruir alguns pensamentos viciados e aglutinar novas idéias. Quando o paradoxo se torna um paradigma, as melhores práticas não mais funcionam. Temos que apelar para as mudanças, e as práticas não usuais funcionam bem melhor.

Christopher Locke apresenta o Modelo Gonzo. É a grande novidade no pensamento de Marketing desde quando Theodore Levitt escreveu "A Miopia de Marketing", em 1960. Locke está atento aos caminhos tortuosos da rede. Ele entende que os micromercados coexistem com os microcanais de comunicação, onde a publicação pessoal aparece como um contraponto à massificação da imprensa e da propaganda da maneira que conhecemos.

Estes microcanais de comunicação, e neste sentido, o Marketing Hacker, assim como outras centenas de projetos que se incluem nesta denominação, estão criando uma micro-audiência específica e poderosa. Formadores de opinião, a própria imprensa e muita gente boa usam estes canais como fonte de inspiração nos seus próprios cotidianos.

Locke propõe às empresas que mirem para estes projetos. E percebam que estes micromercados são muito mais valiosos do que qualquer pesquisa de mercado. E muito mais preciosos do que uma campanha publicitária. São pessoas conversando com pessoas numa linguagem humana, onde empresas não entram. Por quê? Empresas não são humanas, não respiram, não transam e não sabem conversar como pessoas. Mas as empresas podem falar através de pessoas.

Assim, Locke traz à tona o conceito de underwriting, que traduzi livremente para *apoio cultural*. O underwriting está mais para o mecenato dos tempos áureos de Florença do que para os patrocínios com objetivos comerciais. Underwriting não pressupõe nenhum vínculo comercial. É livre e independente.

Desta forma, o apoio cultural das empresas daria continuidade à mais pura expressão da voz, e ao mesmo tempo traria às empresas a real possibilidade de participar deste bazar virtual de forma efetiva. As empresas teriam condições de reconhecer seus mercados através da ótica de seus apoiados. Um antimarketing, que não detona o marketing em si, mas apresenta o enfoque dos mercados.

O Marketing Hacker vem propondo algo muito parecido. Talvez não tenha vislumbrado esse mecenato como forma de viabilização do marketing. Mas quando propus a Informação Criativa estava pensando exatamente na diversidade de vozes que vagueia pela Web. Os blogs caminharam no mesmo sentido, incrementando a conversação. Os blogs são o agente catalisador que faltava nesta equação.

A Informação Criativa é mais periférica. Acredito que as empresas devam entender a Web sob o ponto de vista da sua população digital. Aceitando a diversidade e apoiando suas ações. As empresas podem trazer essas vozes para os seus sites, viabilizando, assim, os projetos pessoais. Numa aproximação grosseira ao movimento open source, as pessoas estão trabalhando e criando. Os nossos produtos estão empacotados em blogs, sites e listas de debates. Falta, apenas, que as empresas entendam que os nossos produtos são bons, estáveis e eficientes. Investir nesta mídia é a certeza de sobreviver nesta selva digital.

20.11.01

© 1983-2000 by Dan Fante


These poems are going to be published under the following title: "WHAT TIME COLLECTS, poems 1983-2000 by Dan Fante"

I meet the meanest
bastard starving cat
while sitting in a park
smoking my cigar
in Milano

He saw me and came up
white
filthy
with one green eye
and one yellow eye
and a fresh slash on his scarred ear

Angry as a wounded wolf
he kept his distance
and his look said, feed me or fuck off
that bench you're on is my territory

What he didn't know is that I know desperate too and crazy
and what emptiness and alones and rage can do to you when you've got nothing but your own
pain in your pockets and your home is a busted-out 1978 Pontiac stalled in an alley in West L.A.
and the voice in your mind is carving you up and killing more of you off each day and you wake
up and drink more rat-piss wine to keep you from instant madness and god becomes a guy
coming out of the 7-11 handing you chump change toward another fucking jug and fear is your
finest feeling and love is dead and all time is dead and even your teeth stink and your gut is
bloated with the screaming voices of those you hate and the only real sanity there is can be found
in the small miracle of sucking back one more drink

That mean white cat didn't know that I've been cut too

from the same cloth

the only difference between us
is ten years and a typewriter



--------------------------------------------------------------------------------



Stuck on my novel and wasting time
I drove up Beachwood Canyon in the hills
today
under the
H o l l y w o o d
sign
and felt
again
how it must have been seventy years ago for my old man and Nat West and Fenton and Bill Faulkner
and that pack of over-paid, restless,
and
disenfranchised script doctor movie hacks

Looking down through the soot I said out loud,
"You wanted this?"
A
spanish mansion on this hill - and fame
and hearing people whisper your name when you entered Musso's bar
and
blowjobs from not-quite actresses after the card game and too many drinks at the garden of Allah

Then
I reminded myself
that what he really left
behind
carelessly, unintentionally
in these greedy hills
could never have been bought or sold

John Fante's gift to me
was
his
pure writer's heart



--------------------------------------------------------------------------------



IN CAMOGLI

It looks like the same ocean
but this is Italy - not L.A.

Sitting at sunset in a two-hundred-dollar-a day hotel
by the sea

All expenses paid - no limit on the drinks

Reading my shit in rooms full of Fante fanatics
where - sadly - everybody now speaks perfect coca-cola and wears Levis
and
looks like Tom Cruise without the big teeth

On this trip I've been a fine success at impersonating a writer
my poetry - remarkably - even sound like me
before I lost my muse
and became a hopeless moron-hasbeen-talentless-retard
fuck
with a freight train roaring through my mind
chasing a ridiculous lost idea of literary perfection

But I warn you
I'm like a dented 1985 Ford
with a busted radiator,
a cracked windshield,
and 3 bald tires
speeding down the autobahn

Don't try to diss me or pass me or call my bluff
'cause - see
when I'm cornered
I can write like a gin-pissing-raw-meat-dual-carburator-V8-son-of-a-bitch

even in Italy



--------------------------------------------------------------------------------



12-17-95

On my knees
I'm back
again
bleeding from every hole

I've forgotten
or never known
any peace anyway
and (truthfully)
out there
between me and the throbbing in my mind
there's just nowhere else to go

So turn on the TV
and call your fat-ass sister about that trip to Vegas
we talked about
and
change the sheets
and believe me when I tell you - no matter what -
no shit
no kidding
you're the honest-to-god
love of my life



--------------------------------------------------------------------------------



Katie

Half drunk
and a fool
at 1:00 a.m. in the Tattle-Tail Bar

somehow, sitting back down,
on my way from the jukebox
my face brushed your hair
and cuzzled your perfume

and I said hi - and you and your girlfriend Ginger
both
smiled back

and we talked

and then you were cold and so you put on your fake leopard coat
before you went to the ladies room
and - not knowing for sure why -
I stole your keys off the bar
and made a secret hidden game in my hand of trying to guess which one went to what door

and tasted them rubbing my tongue over each one

And you and Ginger sipped your tequila and lemon
and talked about breast augmentation and upgrading your jobs and moving to San Diego

And when the time was right I whispered something like
"I like your tits" and went for the kiss
because - see - I knew if I didn't get it - I'd be ahead anyway
because
you'll be calling a locksmith in half an hour
and I
all the way home, will be humming a BB King love song to myself



--------------------------------------------------------------------------------



3-31-2000

I saw a guy check out
just before lunch - today

Waiting for the crossing light on the corner of Wilshire Boulevard
a bad paperback and my newspaper under my arm

I'd smoked my cigar and sipped my snazzy Starbuck's coffee
and exchanged chit-chat with Ann the counter girl
with the 'D' cup - about the odds of her leaving her old man and running off to Mexico
with a swashbuckler like me - and
made a fresh resolve to start another novel
then knew immediately it would go the same way as the rest of my tedious, worthless shit
these days
and
ultimately
change nothing

Then
hearing this hellish noise
I look up
to see metal flash and spinning red
and another car hit that car and that car crash into a concrete poll
and the body of this business guy - head first - his paisley tie and 3-piece suit still correct and in
place - explode through the front windshield
of his SUV on a nonstop trajectory for an 11:07 a.m. face-to-face appointment with Jesus

And half an hour later - at the second-hand bookstore on Santa Monica Boulevard - it came to me -
maybe stupidly
that this guy won't be going for a run after work today
or returning the urgent phone call from his broker
or kissing his kids goodnight
or doing whatever it is people do
before they die abruptly beneath a flawless April sky



--------------------------------------------------------------------------------



I don't need
a biblical bearded Jesus
with shaved arm pits
and trimmed Beverly Hills gotee
where the price tag for sanity
comes around
faithfully in a glittering collection plate

Salvation like that takes too long

The voices consuming my brain
or saving me from myself
are yelling
right now

here
now

The magic I need to quiet the slashing
and the screaming and the murderer
within
me
must
arrive on time
at the intersection of
right here-right now

Living
raw
exposed to the magnetism of death and life
each instant

used up or born again

now

I'll take that
or
the bone yard
for fatuous pussies