7.12.01

Não estou tendo tempo de surfar pela Web. Gosto de escovar os mercados. Passear pelos blogs, ou buscar nas listas uns links interessantes para trazer pra . Gosto de fazer essa junção. Pegar as pecinhas do quebra cabeça digital. E numa operação copy and paste contextualizar diferentemente outras idéias. Num complô de pensamentos diversificados.

É um trabalho de bricolage. Uma desopilação da angústia. É quase uma pintura. Faz bem para a alma toda essa expressão da imaginação. Assim enxergo essa brincadeira de blogar. Não é um hobby, mas também não é trabalho. Tem uma aproximação com o "Ócio Criativo", do Domenico De Masi. Vejo como uma extensão artística do cotidiano profissional. Trabalhar na era do conhecimento significa desenvolver um projeto pessoal, mesmo que esse projeto seja uma forma de estar se comunicando com outras pessoas.

Estou muito Marketing Hacker. Hoje, até neste momento de quase lazer, estou preocupado com o desenrolar dos mercados. Parece uma redundância de palavras. Mas é isto que vejo na Web. Muitas pessoas conversando e criando os mercados. Imagine num futuro próximo a importância desta conectividade toda para a vida social. E ao mesmo tempo, vejo pessoas tapando os olhos para não ver essa transformação. Cacete... ainda bem que o mundo está mudando. Onde pessoas de verdade estão deixando de ser cordeiros. Participando ativamente do debate democrático. Esta revolução não será noticiada no Jornal Nacional. Está acontecendo no coração das pessoas.

Isso é muito legal. E mais, é tão importante que muita gente no mundo todo está conversando sobre essa nova humanidade. Isso me dá o respaldo necessário para continuar a falar. Brincando nesse Mercado Hype aponto os caminhos desta sublimação do espirito. Mesmo assim, muita gente está disfarçando. Fingem que nada acontece no globo terrestre. Douram no fogo quente os mesmos pensamentos conservadores. O velho debate sobre a manutenção do status quo.

Isso parece nunca acabar! É muito lento vencer a teimosia inerente do passado. Pode ficar tranquilo, pois assim caminha a humanidade. Passos largos se misturam com a inércia. Tudo passa, tudo sempre passará. E assim como Heráclito ensinou o Lulu Santos; Ele repercutiu na sua música para outra geração. De pai para filho... de filho para neto... do fim para o começo.
Conhecendo a Linkania

Nepomuceno escreveu um artigo no JT criticando os blogs. A Ana, do Udigrudi, fez uma crítica muito feliz aqui

Nepo escreve: "Muitas pessoas levam tempo para fazer o projeto acontecer e manter o padrão. Uma coisa é ter um blog online, outra é conseguir visitantes. E se ninguém entra, desanima-se." (...) "O problema está no entendimento da nova mídia. A rede é um canal de interação, não apenas de comunicação. Para sermos profundos e duradouros, temos de saber criar projetos coletivos. E isso implica trabalhar em equipe, dentro e fora dos computadores, justamente nesse mundo em que a palavra de ordem é o individualismo." (...) "O ciberespaço não veio ao mundo apenas para informar, mas é o ambiente mais apropriado para compartilhar."

Nestas três frases o Nepo mostra a sua contradição. Não conhecer o que é a linkania faz qualquer crítica se esvair na mesmice do marketing tradicional, ou seja, desconsiderar que na Internet a comunicação de massa não funciona. O grande segredo é repercutir as idéias como legado à humanidade. Construindo um projeto de qualidade. Tratando cada leitor com a importância que merece. Assim, uns linkam os outros e os outros linkam os uns. De forma arcaica e bagunçada. O hiperlink subverte a hierarquia.

Essa é a nova mídia. Pessoas conversando com pessoas. Afinal, os mercados são conversações. E nesse caos coletivo surgem grandes projetos. O Linux nasceu assim. E todo o conhecimento que está sendo catalisado pela rede é fruto da conversação de um monte de pessoas. Pois é, Nepo, os blogs são projetos pessoais de caráter coletivo. É um processo de bricolage, juntamos partes do trabalho de uns, tratamos a idéia de outros e criticamos uns aos outros. Fortalecendo o debate que implementa a revolução digital. Esta revolução está acontecendo. Não será noticiada no Jornal Nacional. É só querer enxergar.
micromercados inteligentes constroem a verdadeira Internet

Podemos encarar a Internet de diversas formas. Os grandes portais repercutem o aprendizado desconectado. Repetem fórmulas de comunicação de massa tentando abarcar o maior número de visitantes com diversas opções de informação enlatada. As empresas, por desconhecimento da mídia, mostram apenas seus o cartões de visitas virtual. Com medo da transparência intrínseca da rede ficam caladas, esperando ver o que vai acontecer.

Os usuários, consumidores, clientes, ou seja, as pessoas comuns não dormem no ponto. Desde os primórdios da rede, essas pessoas estão conversando de diferentes formas. Começaram trocando idéias pela BBS. Incrementaram o bate papo na Usenet, e catalisaram os debates usando os grupos de discussões na Internet.

Hoje, essas pessoas encontraram nos blogs uma nova forma de expressão. Um fluxo de informação anárquico, bagunçado e infinitamente mais poderoso do que todos os canais que conhecemos. Esses micro canais de comunicação existem porque existe audiência. É lógico que são micro audiências, cuja somatória resulta em micromercados de dimensões imensuráveis. Nada comparável aos canais tradicionais. Mas é uma tendência importante para quem pretende analisar a revolução digital.

Essa micro audiência é especial. São pessoas que utilizam a Internet diariamente. Trabalham conectadas com o prazer. Afinal, essa é a vocação das pessoas. Fazer do trabalho alguma coisa mais interessante do que se deixar levar pelo marasmo do cotidiano. Creio que o anseio maior das pessoas é diminuir as fronteiras entre trabalho e entretenimento.

Pessoas comuns se dedicam cada vez mais na elaboração de um projeto pessoal. A maoioria não está preocupada com estatísticas de visitação. O grande segredo é repercutir as idéias como legado à humanidade. Construindo um projeto de qualidade. Tratando cada leitor com a importância que merece.

Assim, os micromercados se tornam cada vez mais coesos. Pois, a massa disforme de micro audiências e comunidades digitais se interagem num contexto inusitado. Esse é o grande desafio para as corporações, tanto para os mega portais como para empresas comerciais que necessitam estar presente nesse meio multimídia. Como participar?

Não há fórmulas testadas. Mas garanto que as estratégias tradicionais não funcionam. Temos que procurar práticas não usuais para lidar com essa novidade. As empresas devem admitir que não sabem conversar com os mercados. Aliás, empresas não falam. Não são humanas. Pessoas conversam com pessoas.

Aprendi que novos mercados têm características diferenciadas. Internet é um mercado exótico. Outro mundo. As empresas devem entender que qualquer ação deve atender a essas particularidades. Um novo bom senso está sendo formatado. De baixo para cima, estamos criando uma nova forma de relacionamento entre pessoas.

Esse é o foco. Muita gente diz que sou anti- corporativo. Isso é meia verdade. Penso que grande parte das empresas são anti- mercado. Sei que é muito difícil estabelecer critérios de ação baseados num ponto de vista desconhecido. Mas eles precisam aprender a ser gente.

E isso não é tão complicado. Empresas podem incentivar a diversidade de vozes espalhadas pela rede. Esta cumplicidade poderá gerar um maior conhecimento desses mercados. Pois, marketing não é apenas propaganda e divulgação comercial. É a compreensão inequívoca das tendências dos mercados. Apoiar, financiar e promover esses projetos é o atalho para o futuro. E está aí para quem tiver olhos para enxergar.

6.12.01

Being Gonzo

"The paradox is not mine, the paradox is me."
Fernando Pessoa


While some people view the Net as the latest and greatest way to carry on business, it is also a way to catalyze voice. More than a business tool, the Internet is a medium—an environment that efficiently amplifies messages.

For a moment, let’s not think “macro.” Let’s think micro. Micromarkets consist of very small audiences that elevate the common voice beyond digital borders. I used to say that the Internet is a place for publishers, and through this editorial strength, we show the teeths to the traditional markets.

The concept behind the Net does not corroborate with everything we have learned about marketing up to now. Surfing on the digital ocean demands that we destroy some thoughts and agglutinate others with new ideas. “When paradox becomes paradigm, worst practices work best.”

Christopher Locke introduces the Gonzo Model in his new book, Gonzo Marketing: Winning Through Worst Practices. Gonzo Marketing offers some of the best thinking in Marketing since Theodore Levitt’s 1960 "The Marketing Myopia." Locke is aware of the tortuous paths of the Net. He understands that the micromarkets live within communications micro channels, where personal publishing versus the press and mass propaganda.

These micro channels (the Marketing Hacker itself and more than hundred projects included in this denomination) are creating a very specific and powerful micro audience. People who forge opinions, the press itself, and many individuals who otherwise would not have a voice, are using this channel as a source of inspiration and communication, each and every day.

Locke proposes that companies must not only pay closer attention to these projects, but that their very survival depends upon their willingness to embrace micromarkets. More valuable than market research, more powerful than mass marketing, and more effective than any propaganda campaign, micromarkets consist of people talking to people using human language that transcends the boundaries of the corporation.

So why don’t most companies “get it”? First and foremost, corporations are not human. They don’t breathe, don’t make love and don’t know how to talk as people. But companies do have the potential to talk through people.

In Gonzo Marketing, Locke unveils the concept of underwriting, in which people do talk as people. Underwriting more closely resembles the concept of mecenato of the gold time of Florence than to today’s practice of commercial sponsorship. Locke’s underwriting model does not presuppose any commercial link; rather’ it’s free and independent.

Underwriting brings continuity to the pure expression of voice, and at the same time brings organizations the real possibility of participating effectively in the virtual bazaar. It means confidence and reputation exchange. Corporations can reach their markets through their underwritten sites. More like anti-marketing than marketing, these underwritten sites represent the market’s point of view.

The Marketing Hacker is this type of site. It is my proposal. Of course I haven´t realised the marketing viablelity through the mecenato. But it´s incredible thinking, isn´t it?. My proposal is spreading the voice diversity through out the Net. Like everybody talking to everybody. Using this bloody mess as reference of information. I called it Creative Information.In the same way, the relatively new phenomenon of blogs are increasing conversation in many ways. Blogs are the catalyzing agent that, until now, has been missing from this.

The Creative Information is more peripheral. Corporations must understand the web from the perspective of the digital people. They must accept the diversity within micromarkets and underwrite their activities. Companies must call these voices to their sites, turning viable the personal projects that span across the Net. This model is a rough approximation to the open source movement, with people working and creating in teams and in tandem. Within micromarkets, our products are already packaged in blogs, sites and debate lists. The next step is for corporations to understand that our products are good, stable, and reliable, and to invest in this media to assure their own survival within the digital jungle.

5.12.01

3.12.01

humanistas

Legal essa rede. O novo Avatar. É possível criar todos os tipos de especulações do por quê e para quê serve a Internet. Alguns transpiram o esoterismo Zen. Liberte a mente que seus dedos teclarão como uma ave de rapina voa para degustar a carniça. Liberte a mente, solte as amarras e destrave seu coração. Estamos na hora da verdade.

Meus pensamentos não são nada esotéricos. Gosto da complexidade simplista da arte Zen. Não há nada mais Hacker do que a capacidade espiritual de difusão do conhecimento. Aliás, o conhecimento sempre existiu. Abra a mente para entrar. Esta é a grande promessa da rede.

Mas por que a promessa? E não realidade? Um aspecto um tanto lingüístico. É ou não é. Sim, a Internet é uma realidade, mas é uma promessa de liberação do espirito. Liberdade ainda que tarde, pois se demorar muito para o ser humano entender que o mundo tem que mudar, não sobrará viva alma para apagar a luz.

Acendamos a vela. Luz para iluminar as cabeças insanas. Ou será que sou eu o louco? Eu apenas vejo algumas possibilidades de transformação. E não vejo motivos de ser taxado como meshiguine. Prefiro ser taxado como futurólogo, visionário e até sonhador. Afinal, quero “viver ... E não ter a vergonha de ser feliz..."

Einstein diz: “A imaginação é mais importante do que o conhecimento”. Imaginar que existe uma saída honrosa para a humanidade é melhor do que esperar o fim do jogo. Deixar a calota polar derreter, aumentar o buraco na camada de ozônio, desmatar a floresta amazônica, destruir as vidas inocentes pela fome, frio, terror, ataques militares, intolerância e todo o fel que corre pelo canto da boca dos líderes que crêem apenas na sua própria existência e inteligência de apartar o rebanho.

Pois aconteceu a Internet. Nova forma de conversação. Pessoas conversam com pessoas. Pessoas ficam muito mais inteligentes, mais imaginativas, mais donas do seu próprio nariz e distantes dos seus umbigos egoístas. A palavra é colaboração. A idéia é um novo bom senso. As pessoas acreditam que existe outras fórmulas de estabelecer um relacionamento. As percepções se transformam. O ser digital prefere encarar o mundo sob um novo enfoque. Liberdade, Igualdade e Fraternidade. A velha ladainha da Revolução Francesa nunca foi tão real. Para atender a essa tríade queremos mais: o conhecimento livre.

Nada esotérico. Nada espiritual. Não me parece um desígnio dos deuses. Penso que é a evolução normal da humanidade. Temos uma tecnologia que facilita a democratização do conhecimento e das relações com o poder. Não precisamos mais esperar que os grandes líderes cavalguem para as batalhas. Podemos trocar informações no micro mundo e deliberar novas alternativas que num passeio pela democracia atingirá um numero maior de simpatizantes. Pois é, um debate real existe num espaço digital. Internet é de verdade, não é apenas mais um vídeo game.

Mas que parece uma brincadeira. Isso parece! Acho que faz parte do futuro. O trabalho se funde ao lazer. Trabalhamos como jogamos vídeo game, e jogamos vídeo game para aprender a trabalhar. Pense: a nossa educação está cada vez mais sob a equação do acerto e erro. E nisso o vídeo game tem ensinado muito às crianças, assim como, o próprio computador.

Essa é a promessa da rede. Elevar o homem a uma dimensão distinta. Onde os traços do passado sejam encarados como base estrutural da sociedade. Mas passível de transformação. Nem sempre fomos capitalistas, industrialistas, gerencialistas e especialistas. Ainda dá tempo de sermos humanistas.