15.2.02

Mais considerações sobre marketing digital

Na Widebiz, o debate sobre email marketing e Spam retornou. O thread foi postado pelo patrono (sic) da economia da Internet, que perguntou e concluiu: "Email marketing são práticas e teorias de marketing baseadas no envio de mensagens eletrônicas, solicitadas ou não, cujo conteúdo seja de presumível interesse dos destinatários."

A proposta para definir o que é email marketing gerou um debate sem o propósito de definir o que é, mas de redefinir a diferença entre marketing de permissão e Spam.

O Carlos Lichy disse que "email marketing tem a ver com base selecionada de clientes através de canais opt-in. O resto é balela..." Mas o Roberto Cury aponta "uma pequena discrepância no conceito de opt-in e opt-out. No opt-in o usuário, ao preencher um cadastro, tem que selecionar o "box" referente ao "quero receber mensagens comerciais". No opt-out o box já vem selecionado e o usuário, caso não queira receber as mensagens deve retirar a seleção. Eticamente o opt-in é mais recomendado, pois usuários desavisados podem se esquecer de retirar a seleção (opt-out). No entanto, as duas praticas são aceitas, sem considera-las SPAM."

Achei o debate interessante. Postei fazendo referência as notas sobre o email marketing. Bem, a minha posição é radical. Acho importante que todos os profissionais de Internet entrem para o debate. Mas acredito que o marketing de permissão invariavelmente acaba em Spam. Também entendo que é uma forma de simular na rede o marketing de interrupção.

Assim, as empresas não vão deixar de utilizar o email marketing, a não ser que a quantidade de Spam aumente tanto que vai inviabilizar uma ferramenta *aceitável*, já que o indivíduo deu permissão.

Marcos Martins faz uma colocação importante: A ação de se cadastrar para receber algo caracteriza a assinatura de um serviço, e não campanha de e-mail marketing, ou por parte do usuário, pré-disposição em receber iniciativas de marketing por parte da empresa.

Talvez este seja o ponto nevrálgico. O marketing de permissão se baseia numa permissão, que nem sempre está em harmonia com os objetivos futuros das empresas. Pensar no email marketing é como uma panacéia é bobagem. E mail marketing sério é marketing de permissão... e só. Mas para manter um relacionamento o email é uma ferramenta incompleta. Serve para atrair a audiência para o site. Mas o relacionamento só se tornará efetivo se o site for relevante às ambições do indivíduo. E não será o conteúdo clonado e banalizado dos grandes portais capaz de segurar a audiência. As pessoas na rede querem estar engajadas em atividades importantes nas suas áreas de interesse. Esta é a interatividade, o diferencial que infelizmente a maioria das empresas ainda não entendeu.

Boris Saprudski diz : “É natural que o primeiro movimento na nova mídia - a Internet - seja uma tentativa de adaptação do que já existe. As pessoas - e empresas - procuram adaptar o conhecimento que já tem ao novo ambiente. Se funcionar, continuam seguindo na mesma direção. Senão começam a procurar alternativas, que são sempre mais custosas, seja porque é necessário reciclar e adquirir uma nova bagagem de conhecimentos, seja porque não existe este conhecimento disponível - como é o caso - simplesmente porque NINGUÉM testou suficientemente para saber o que funciona ou não.

O email marketing está funcionando HOJE porque os internautas são pouco experientes. Isto eu concordo. Quanto tempo vai funcionar? Não sei dizer - assim como não achei nenhum novo conhecimento que possa fazer uma previsão realista das tendências futuras do mercado.

Mas o fato é que enquanto continuar a funcionar mais e mais empresas vão usar o email marketing, porque é uma experiência que está se difundindo no mundo empresarial e, HOJE, tem dado retorno aqueles que investem neste tipo de mídia.

[...] É muito mais provável que o mesmo aconteça em relação ao marketing na rede: o movimento será muito mais suave que o desejo dos investidores, pensadores e formadores de opinião.


As tendências apontadas podem até ser as corretas, mas são tendências, não realidades. Elas puxarão, entortarão a realidade do mercado na sua direção, como um imã, uma bússola, mas não haverá a conversão em massa.

[...] Portanto os profissionais que estão no mercado HOJE vão tentar extrair o máximo possível desta ferramenta mesmo que as tendências digam para eles que ela tem os dias contatos.”


Posso não acreditar no email marketing a longo prazo, mas não estou cego para os mercados. Uma coisa é o que penso sobre os negócios futuros, e outra coisa é que acontece nos mercados agora. Estou me balizando nas tendências... e trabalhando com a realidade.

Estamos de acordo que o email marketing não funciona para o heavy user, aliás, os formadores de opinião na rede. Logo, a viralidade inerente desta estratégia de marketing também não tende a funcionar.

Entendo que o mundo dos negócios não vai aguentar se manter incólume nesta situação extrema. Vai ter que mudar. E isto significa rever a maneira que os negócios são feitos. As práticas atuais não estão dando resultados no mundo digital. e você sabe muito bem disso... e qualquer um que esteja envolvido na rede sabe que vamos ter que repensar como trabalhar num ambiente onde o conhecimento é livre, a informação corre solta, e os direitos autorais são precários. Não seja ingênuo. Os direitos autorais e as patentes, juntamente com a propaganda de massa, foram os responsáveis pelo sucesso da era industrial e do capitalismo. Bem, na Internet nada disso funciona.

Discordo do Boris, por entender que isso são apenas tendências. É a realidade. O Mário Persona recentemente disse que a Widebiz era um exemplo de engajamento. Eu sempre acreditei nisso. É uma pena que a Widesoft não tenha entendido que manter a Widebiz era uma estratégia de marketing convincente... melhor do que qualquer email marketing. A Widebiz não morreu... mas ficou com os pés no passado. Eu esperava muito mais de uma comunidade de 600 pessoas. Mas não podemos esquecer o caminho já percorrido. A Widebiz catalisou o conhecimento, as conversações e o engajamento de pessoas neste mundo digital. E isso não é pouco. Não foi um trabalho de uma pessoa. É um processo colaborativo.

Não duvido que os marketeiros de plantão vão continuar a fazendo de tudo para manter a velha equação. Mas não é assim que se faz Internet. E sabemos que isso não está funcionando.

Luiz M: “Acho fantástica a preocupação do Hernani com o futuro, mas uma empresa não pode viver do que vai acontecer daqui a 5 ou 10 anos, porque se ela não faturar nada por 4 ou 5 meses ela QUEBRA, e ai não vai importar se ela acertou em 100% o que previu, pra ela não vai valer nada...

Bem, uma empresa tem que trabalhar no presente, mas com olho no futuro. E principalmente as empresas que estão na Web. Pois o futuro está mais próximo do que se pensa. “Enxergar o que temos diante de nossos narizes exige uma luta constante”

Luiz M: Sou um fã incondicional do Web Marketing e você Hernani, juntamente com o Mário, são as pessoas que melhor usam essa ferramenta, até mesmo melhor, muito melhor que eu...Você critica o E-mail Marketing, O Marketing Viral, etc, etc. Bom eu pergunto : Qual a ferramenta que você usa pra divulgar essas críticas ? Listas de Discussão, sua Newsletter o Marketing Hacker e seus Blogs...

Bom, Listas de Discussão Newsletter nada mais são que ferramentas do E-mail Marketing...E seu Blog ? Como você divulga ? Através da Linkania (é assim que escreve?), mas o que é isso ? Alguém que viu seu Blog e gostou e resolve, por si só, divulgá-lo..

Voltando ao marketing. Criticar, Luiz M, não significa não utilizar. Eu uso o email marketing atrelado a estratégia de conteúdo e engajamento. Uso o marketing viral para provocar pequenas ações (não crio a viralidade... penso apenas numa infeção bacteriológica... hhehehe). Afinal, são ferramentas de marketing. E podem e devem ser criticadas...

Mas o Marketing Hacker traz o conceito da Informação Criativa. Ou seja, escovar os mercados da mesma forma que os Hacker escovam os bits. Buscar incessantemente a diversidade dos mercados, conversar com as pessoas e fazer a linkania. Não é a toa que o Marketing Hacker está cotado no Google em primeiro lugar quando se pesquisa Marketing. Não é a toa que o número de sites que apontam o Marketing Hacker é maior do que muitos sites por aí. Não é a toa que o MH é linkado por diversos sites e marketeiros nos EUA. Isto é metadata... a informação que aponta para a informação. E este é o maior ativo na rede... pense Google, Yahoo.
Leia a Eficiência da Metadata.

Muitas empresas, como a Amazon, sabem engajar sua audiência. Não dá para dizer o mesmo das empresas brasileiras. Não querem investir. Pense no sucesso da Widebiz (no ano passado, é lógico). Existia um princípio de engajamento. Podiam ir além, e realmente incentivar os projetos pessoais. A Web não é apenas um espaço de auto promoção. Pessoas se engajam para desenvolver projetos, e querem resultados. Na Amazon, as pessoas que fazem os reviews e são bem cotadas são incentivadas (com prêmios ou financeiramente) para produzir mais.

O colaborativismo é uma realidade. A própria Widebiz é exemplo disso. Mas não pense que o homem vai deixar de ser humano. Assim como não perdeu sua essência quando foi para o curral industrial. Não é utopia pensar num mundo melhor. Pois a Internet propicia um debate mais amplo, que vai respingar na sociedade como um todo (sempre digo que enquanto debatemos o mundo digital... os jogadores de futebol estão recém deixando o feudalismo). Estamos numa revolução que não será apresentada no Jornal Nacional.

Luiz M: Concordo com suas idéias para a próxima geração, mas para que o mundos e torne colaborativo é preciso que se mude a Essência do Ser Humano, e isso NENHUMA tecnologia vai conseguir mudar, é preciso, pelo menos uma geração para isso...E nenhuma empresa sobrevive esperando pela nova geração...

Criticar o mundo dos negócios não é pecado. O crítico de arte faz crítica a arte, favorável ou desfavorável, mas não deixa de viver da arte. Por que não se pode criticar os negócios? E acredito que as corporações devem aceitar as críticas, pois são reais... existem, as pessoas falam. É a verdade.

Minha crítica é fundamentada na desfragmentalização dos mercados e que comunicação de massa não funciona no ambiente online. Mas muita gente (a maioria) insiste na estratégia contrária. Tratam os mercados como um todo, e na audiência despersonalizada. Então, posso dizer abertamente. Sou um crítico dos negócios. Proponho um debate transparente. Onde a discussão sobre negócios não fique emperrada no firewall corporativo. Nesta altura dos acontecimentos, a humanidade tem que entender que os negócios fazem parte da vida. Sobreviver não pode ser uma tarefa escusa. Onde as pessoas fazem qualquer atrocidade em nome do dinheiro. O mundo dos negócios vive na marginalidade dos propósitos honestos. E a Internet põe um fim nessa relação de amor e ódio. Não existe espaço para mentiras. Fazer negócios é uma arte. E como arte deve ser criticado. Um paralelo entre a razão e a emoção. Vinculando a sobrevivência ao lazer. Tudo se suporta na vida. Até a felicidade.

De qualquer forma... "sou otimista em relação ao futuro do pessimismo"