14.5.01

A Internet é lugar para “publishers”, e temos tantos nesta rede... Falta- me uma boa tradução para publisher. Seria editor? escritor? colunista? articulista? Não, acho que nenhuma destas palavras dizem respeito a essa atividade. Ser publisher é ser livre para escrever o que bem entender. Desde coisas fúteis aos mais profundos pensamentos. Mas também expressamos nossos sentimentos mais comerciais. Nada de novo até agora!

A Internet tomou uma forma esquisita. É uma mídia interativa onde trafega um fluxo enorme de mensagens. A informação corre solta, mudando os hábitos das pessoas. Leio mais revistas digitais, pensamentos livres que traduzem esse convívio virtual, do que as publicações tradicionais. A palavra digital fala mais forte, e está rompendo o maior paradigma do século 20, a indústria da Propaganda.

Não sou tão drástico para sepultar a propaganda. Ela não está morta. Mas o gigantismo e a onipotência deste pensamento puramente especulativo está mudando de figura. Na era industrial, a massificação do consumo abriu as portas para o crescimento da propaganda como conhecemos. A Procter & Gamble fez escola, e administrou marcas e contas de uma maneira eficiente, com resultados maravilhosos. Na Internet a história muda de figura. O gerenciamento das marcas está se modificando. De novo a variável consumidor mostra sua força. As marcas estão entrando num processo de personalização, e abrindo espaço para a participação do consumidor no seu gerenciamento. Os trabalhos de Allan Mitchell, Chris Macrea e outros estudiosos de branding nos mostram estas tendências.

A Internet traz mais novidades do ponto de vista do Marketing e da Propaganda. Não só as marcas têm que levar em conta seus consumidores, como todo pensamento da propaganda não combina com a vida digital. Banners são pouco efetivos, pois não têm uma interação visual com os usuários. No mundo real, o marketing de interrupção bate na nossa cara a cada segundo, enquanto na Internet o excesso de poluição traz desconforto e fuga. A rede não é lugar para interrupção.

Estou vendo o marketing procurar outras formas de divulgação. O jornalismo, como conceito, é muito mais eficiente na intercomunicação da rede. As pessoas buscam informações relevantes. E as empresas que souberem se comunicar de maneira informativa e com criatividade (até então muito mais desenvolvida pelas agências de propaganda) vão se dar bem. No entanto, estamos convivendo com os primórdios desta nova fórmula. Informação comercial com criatividade. É um trabalho difícil, uma vez que qualquer erro pode banalizar o trabalho de muito tempo. E ainda não vemos um grande número de profissionais atuando desta forma. Mas esta é a tendência.

Acredito que a Internet tem mais a ver com o pensamento jornalístico. Não com a profissão. Mas com a idéia geral de liberdade de expressão e qualidade na informação. Estamos vivenciando estas mudanças, e nossos filhos serão, provavelmente, menos atacados pela ferocidade da propaganda como conhecemos. Será? Assim espero.

13.5.01

Cesar Boschetti diz: A atual crise energética, da qual os americanos da Califórnia também são vítimas, é apenas uma amostra do que está por vir. Tudo não passa de uma consequência direta do egoísmo humano potencializado pelo capitalismo selvagem e individualista. Caso as atuais tendências econômicas mundiais não sejam reavaliadas, a escassez de energia, alimentos, água e empregos só irá crescer daqui para frente. A ciência e a tecnologia só serão efetivas se forem realmente socializadas. Não é preciso ser um iluminado para ver isto, basta bom senso. Poupemos sim a luz elétrica, não a da inteligência.