15.11.01

assim se faz Web

Fiz uma crítica ao Rafa. Assim como já critiquei e já fui criticado diversas vezes. Publiquei no Marketing Hacker, pois é aqui que tento simular a interatividade na rede. Dialogando com as pessoas. Nunca pretendi ser melhor do que os outros, mas tento elevar o debate para que a promessa da rede se torne uma verdade.

O Rafa foi muito gentil. E mostrou- se um cara inteligente. O Rafa havia postado: Blog é tão sem importância quanto o programa do Sérgio Mallandro". Como ele me disse, esse comentário partiu de um delírio, fruto de uma irritação pontual. E acrescenta: “Eu sei da real importância dos blogs, já discuti isso muitas vezes, mas ali, naquele post, eu me cerco da liberdade dos blogs de, quando quiser, falar a bobeira que me der na telha. Algo meio punk, sabe: que venham as críticas, vai ser engraçado.”

Aliás, todos têm liberdade absoluta de falar o que pensam. Mas creio que temos que ir um pouco além do momento, e tentar perceber quais as nossas perspectivas. Li um artigo sobre weblogs, do Fábio Marchioro. Ele diz: “Como toda revolução, é uma reação. Como toda evolução, seus efeitos definitivos serão sentidos somente a longo prazo.“ Pois é, o blog não é apenas uma brincadeira. Quem está fazendo um trabalho pessoal, com um mínimo de seriedade não tem vontade de parar.

Muito pelo contrário. A nova mídia que é a Internet, ainda, não nos mostrou a luz no final dos bytes. Somos amadores porque amamos o que fazemos. E como diz Pierre Lévy, o amor é o veiculo de transformação da sociedade. Mas isso não significa que não somos profissionais. Fazemos um trabalho muito revolucionário, e os exemplos estão para que quiser ver. Mas precisamos deixar o marasmo. Sair pra luta, e mostrar que nos nossos teclados estão fervendo idéias. Temos muito pra falar, e audiência para ouvir. Temos que viabilizar a Internet como mídia. E nós somos aqueles que estávamos esperando. Saímos do quase anonimato para fomentar um debate rude, anárquico e infinitamente mais poderoso do que as baboseiras que os canais de comunicação tradicionais estão dizendo. Somos os micro canais de comunicação na rede. E temos objetivos comuns. Eu acredito que Lia Caldas, Marcelo Estraviz, Paulo Bicarato, Mário AV, Zel, Rafa, Sérgio Faria, Fábio Marchioro, Izquierdo, (eu me incluo nesta lista, como também mais uma centena de nomes) têm interesse real na continuidade do seus trabalhos pessoais. Mas não se enganem. Para fazer isso a longo prazo temos que debater outras formas de remuneração. O auto desprezo, o egoísmo, o anonimato e a onipotência acabam por destruir o próprio substrato que estamos criando.

Mas fico feliz com a transparência do Rafa. Posso ter sido persuasivo demais. Este é o meu trabalho. Fiz uma crítica ao Sérgio Faria. Ele, ao invés de pensar, preferiu xingar. E na sua onipotência juvenil passou a agredir levianamente. Do meu ponto de vista, eu abri um debate. Creio que podemos conversar a respeito das diferenças. Pois fazer comunicação, mesmo que seja de caráter amador, existe muita responsabilidade em jogo. E nesta diversidade de pensamentos encontraremos a forma de estabelecer um retorno a tudo que estamos fazendo. Antes de tudo, temos que entender e valorizar o trabalho que desenvolvemos, Afinal, a Web é nossa.

12.11.01

Sem cara e sem coração

Cada vez mais aparecem blogs anônimos na rede. Entendo que muita gente não quer mostrar a cara. Alguns se sentem tão grandiosos que se escondem por trás de um pseudônimo qualquer. Mas isso é uma contra tendência nos mercados.

Bem, o que são mercados, digo micromercados? Estamos conversando na rede e nossos projetos pessoais (o blog é um desses projetos) estão se acomodando e trazendo a audiência. Cada um tem seus leitores, eu tenho os meus, o Estraviz tem os dele, a Zel, o Bicarato, o Cury e o Felipe. Até meu alter ego Gato Bandini tem a sua.

Christopher Locke fala no seu recém publicado Gonzo Marketing que o business vai ter que encontrar essa audiência, e propõe que as empresas dêem apoio cultural (underwriting) para essas publicações pessoais. Na minha proposta da Informação Criativa chego a uma conclusão parecida, onde as empresas possam se valer de pessoas conectadas e de um trabalho jornalistico específico para ter voz na rede. Locke diz: “... corporate underwriting is a way – perhaps the only viable way at present – for companies to put their own money where the mouth is”.

Mas quem fica escondido atrás de um firewall anonimatizante não tem reputação. Você não é apenas o que escreve. Procure no google alguns nomes com seus 15 minutos de fama e se surpreenderá com a inexistência física de muitas dessas pessoas. Seres apócrifos não tem voz, conversam em falsete.

Muitos desses se atrevem a criticar os outros, ora dizendo o que não teriam coragem de dizer na cara, ora servindo de garoto de recados dos canais de comunicação offline. Esses caras, ainda, se acham gostosos demais. Mas quem são eles? Críticas e alusões desses entes covardes sempre serão repudiados pelos canais sérios. Blog é um trabalho sério que propaga a conversação real entre seres humanos.

O Marketing Hacker é uma idéia anti- marketing. Não que sou contra o marketing, mas como existe matéria e anti- matéria que se complementam, o anti- marketing nos mostra um enfoque diferente. É o marketing que advoga pelos mercados.

Estou falando de negócios, e nesse mundo dos business a maturidade dos mercados é um fator relevante. Além do prazer de estar escrevendo um blog existe outras variáveis que cairiam muito bem neste contexto. Principalmente, se as empresas deixassem de se preocupar com um marketing de interrupção através de banners, permissão e spam. E começassem a enxergar esta diversidade que virtualmente vivemos e apoiassem as iniciativas. Então, escreva, apareça, reescreva, converse, junte as pessoas, ajude a criar outros blogs, cite as idéias dos outros, linke e hiperlinke. A Internet precisa encontrar esse caminho. E depende de nós descobrirmos e desbravarmos todas as possibilidades da rede...