10.12.01

Fim de ano... vida nova

Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água
Gota d'água - Chico Buarque



Eu faço, quero ver a última gota transbordar. Inundar o corações desatentos com novas idéias. Não dá para continuar a viver dessa maneira. O mundo está muito ruim. E sabemos que não repetimos palavras vazias. Temos o desafio redobrado de lidar com palavras inflacionadas de sentido. E sentido este que muitas vezes se banalizou, como é o caso de revolução. Até o Aurélio se perde no significado. Revolução e evolução se complementam, se misturando no espaço e no tempo, pois quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Há de se convir que não está fácil viver. Convivemos na perversidade. Tantas são as dificuldades que esquecemos de imaginar que a mudança é possível. Não estou dizendo que sou contra a modernidade. Tenho certeza que vivemos melhor do que no passado. Melhores casas, banho quente, roupas bonitas, televisão, cinema, entretenimento para qualquer gosto. Pena que não dá para generalizar. Muita gente não tem acesso ao básico. A sociedade deveria ter estrutura para atender as necessidades das pessoas. E mais.

Onde ficam nossos sonhos? Onde está o prazer de viver? Estas perguntas me perseguiram durante estes últimos anos. Nossa sociedade está enclausurada num pensamento corporativista, cuja sobrevivência se perpetua na idéia de continuidade. Qualquer transformação é vista como um passo para trás. Mas a alegação está equivocada.

Para Hegel, a idéia se manifesta como processo histórico: "A história universal nada mais é do que a manifestação da razão". É preciso compreender também que a história é um progresso. Como um rio que está sempre se modificando. Indefinido e atemporal. A sociedade reproduz essa transformação. É só estudar um pouco de filosofia para comprender que tudo muda. E com toda razão.

Afinal, somos seres racionais. E deveriamos pensar no que é melhor para o indivíduo e para o todo. Assim, as imagens oníricas de uma nova realidade devem ser extravasados. A razão nos cochicha: queremos um mundo melhor. E na transformação é que suspira a vida.

Critico as corporações. Não por ser contra, aliás, faço parte desta quizumba. Mas é um subproduto importado. Não faz parte da nossa cultura. Traz a retórica do continuísmo envolto numa ética protestante. Será que vamos deixar a estagnação vencer? Lutamos pela sobrevivência. E não são os fortes e poderosos que vencem. A corrente do rio fala mais alto. Estamos por uma gota d’água.

A Internet traz novas promessas. Cansei de repetir que os mercados são conversações. E que estas conversações estão mudando o foco do poder para as pessoas comuns. E que uma nova ética hacker vem disseminando uma nova forma de relação entre pessoas. Isso é real. E não dá para segurar. Explode coração.

Daí percebemos que a negação toma corpo nessa onda de pensamento. Muita gente, mas muita gente mesmo, está falando que não quer repetir as estórias dos nossos pais. Você não sente nem vê. Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo. Que uma nova mudança em breve vai acontecer. E o que há algum tempo era jovem novo. E Hoje é antigo, e precisamos todos rejuvenescer.

Vivemos no Brasil. Terra do futebol, carnaval, mulheres bonitas, samba, suor e cerveja. Povo solícito, sociável e colaborativo por natureza. Façamos da periferia o centro. O Brasil é o lugar ideal para florescer o belo. Meu amigo virtual Tom Matrullo diz: “Suspeito que o fenômeno Gonzo, como delineado por Christopher Locke, está mais próximo de outros países, especialmente aqueles no qual o “Homo Giganticus Analissimus” não é predominante.” E Domenico de Masi diz: "A América é calvinista demais para se converter com rapidez a essa nova filosofia ( Ócio Criativo ), mas a Itália, a Espanha, o Brasil ou a Índia dispõem de todos os números para adotá-la e expandi-la.

Temos, no Brasil, tudo de bom e tudo de mal. Gente boa e gente má. Solidariedade e violência. Riqueza e pobreza. Não dá para continuar nessa sociedade tão maniqueísta. Há diversidade nesse caldo de cultura. Estamos na hora da verdade. Aproximar os pólos num debate mais consciente. Precisamos disso.

E a democratização proporcionada pela rede é a ferramenta que faltava. Mas a sociedade organizada, empresas e governo devem querer provocar as mudanças. Rompendo o muro virtual que separa os poderosos das pessoas comuns. Sem medo. Pois é melhor enfrentar essa tendência de peito aberto, do que esperar que a violência inerente da nossa sociedade nos leve a uma destruição maior. As diferenças são muitas. As convergências são dolorosas. Mas não dá para deixar o rio disforme. Precisamos construir um mundo real. Tijolo por tijolo num desenho mágico. Deus lhe pague.

9.12.01

¿Cómo se relacionan?


Fernando Flores é entrevistado aqui
El mundo empresarial, el mundo político, el mundo cultural, me parecen absolutamente ligados. Todos participan de alguna manera en lo que llamo la coinvención del mundo. Toda la gente que es emprendedora, es gente que se conecta total y apasionadamente con su actividad, es una manera de ser, versus la persona normal que ve el mundo como cosas que hay que hacer. Estos otros ven mundos que hay que inventar, y eso le da sentido a la vida.

Tem mais aqui: The Power of Words